terça-feira, 28 de abril de 2009



Uma conversa esclarecedora

Certa vez, em uma conversa entre dois estudantes do curso de Pedagogia, surgiu o tema "produção de saberes na escola". Um desses estudantes disse que havia lido um texto de José Carlos Libâneo que tratava sobre esse tema, e resolveu explicar ao seu colega sobre o que havia compreendido.
Miguel: _ Segundo Libâneo, "a produção de saberes pode se referir ao aluno e aos processos de aprendizagem, ao professor que produz saberes sobre sua disciplina, sua profissão e sua experiência, e também , a uma multiplicidade de saberes que intervém e circulam na vida escolar".
Murilo: _ E como seriam as práticas dessa produção de saberes? E qual seria o papel da escola e dos professores nessa produção?
Miguel: _Libâneo formulou algumas suspeitas e apostas, para refletir sobre essa questão.
Murilo: _Então conte-me primeiramente suas suspeitas.
Miguel: _Mas é preciso deixar claro que são apenas suspeitas do que estaria acontecendo com a produção de saberes na escola.
Murilo: _Tá bom! Prossiga...
Miguel: _A primeira suspeita trata da organizaçao da escola.
Murilo: _Como assim?
Miguel: _Fala da fragilidade do sistema de ensino, que se deve a um conjunto complexo de fatores.
Murilo: _Ah tá, e a próxima?
Miguel: _Vem mostrando que a aprendizagem do aluno está ligada à qualidade dos professores.
Murilo: _Eu também acho, pois se um professor é interessado e incentiva sua turma, seus progressos serão satisfatórios.
Miguel: _Uma outra suspeita é sobre a produção de pesquisas acadêmicas em relação ao trabalho dos professores do Ensino Básico e Médio.
Murilo: _É verdade, aqui na faculdade há pesquisa sobre isso. Não sei porquê!
Miguel: _Tem também uma suspeita que fala sobre os "professores formadores de professores" que se distanciam dos problemas concretos em sala de aula e outra que fala da redução do interesse investigativo pelas questões pedagógico-didáticas.
Murilo: _Eu concordo, pois muitos professores falam tanta teoria, mas tanta, que não articulam com a prática. E às vezes a gente se pergunta: "pra que serve isso pra quem vai estar dentro de uma sala de aula com mais de 30 alunos?" Nós ficamos sem entender o porquê daquilo se eles não associarem a algo concreto e real da prática escolar.
Miguel: _ É verdade, mas vamos deixar isso um pouco de lado, se não, eu não consigo terminar de lhe contar o resto do texto.
Murilo: _ Tá! Mas que é verdade é!
Miguel: _ Então, as outras suspeitas são um pouco semelhantes, elas falam da desconsideração ou secundarização dos conteúdos em algumas teorias recentes e a discussão de quais teorias seriam as “certas”.
Murilo: _E quanto às apostas? O que seria essencial na formação de professores?
Miguel: _O Libâneo diz que “como contribuição à reflexão e à proposição de ações, passo das suspeitas às apostas no rumo de outra qualidade da produção de saberes na escola”.
Murilo: _ Então diga quais apostas seriam essas para essa “qualidade”!
Miguel: _Sim, vamos, mas que pressa! Estou brincando! Então, na primeira aposta fala sobre a reformulação da postura e dos conceitos, tanto dos professores quanto da escola, através de pesquisas e reflexões feitas com os agentes diretos da questão, para então, atender melhor as suas necessidades gerando assim uma aprendizagem crítica.
Murilo: _ É isso aí! Tem que saber a fonte do que se passa! E também rever os conceitos.
Miguel: _ A segunda aposta diz sobre uma capacitação melhor para os professores, da educação que não envolva só o domínio teórico ou prático, mas sim, o trabalho paralelo de ambos. O professor precisa ser um pesquisador para se adequar aos acontecimentos que giram em torno não só da escola, mas de toda a sociedade.
Murilo: _ Viu só! Foi o que eu disse! Tem que ser teoria e prática andando juntas. E o professor tem que estar sempre se atualizando!
Miguel: _ A terceira e a quarta são semelhantes, pois as duas falam do domínio dos conteúdos que os professores precisam ter para trabalhar em sala de aula. Além de suas matérias específicas, eles precisam saber sobre as outras coisas. Precisam se tornar um sujeito culto.
Murilo: _ É mesmo! Pois se não souberem um pouco de cada coisa, como irão formar cidadãos pensantes, críticos e quem analisam fatos e situações que giram em torno de nossa sociedade? Os professores precisam também de experiência social!
Miguel: _ Na quinta aposta, Libâneo diz que “a didática deve ser assumida como disciplina prática, desenvolvendo programas de pesquisas a partir das necessidades e demandas da prática”. Os professores precisam ligar os conteúdos com as experiências e a partir dos problemas encontrados fazer uma reflexão com fundamentos teóricos para daí apontar os caminhos para uma solução e melhor atuação.
Murilo: _ Interessante, pois o professor também deve fazer parte das pesquisas, principalmente as que dizem respeito às suas práticas.
Miguel: _ A sexta aposta seria “introduzir na formação de professores uma nova visão de ensinar e aprender – o desenvolvimento das competências do pensar”. Ou seja, é necessário que haja uma mudança na mentalidade do processo de ensino e aprendizagem no interior das práticas de formação de professores.
Murilo: _ Concordo, pois muitos professores possuem práticas bem atrasadas e não se adequam à realidade de nossas escolas.
Miguel: _ A sétima aposta enfatiza que é preciso reavaliar o perfil dos professores formadores de professores na formação continuada e inicial. Pois eles precisam investir na qualificação específica dos formadores. E a oitava mostra que é preciso fazer uma avaliação do desempenho dos professore, integrando à avaliação do processo e a avaliação do produto nas instituições formadoras, e de aferir em que grau as ações de formação continuada estariam respondendo às necessidades dos professores e do sistema de ensino a partir de critérios pedagógico-didáticos e das demandas sociais de escolarização.
Murilo: _ Daí vemos a importância da avaliação em todo o contexto escolar!
Miguel: _ E por último, a nossa aposta, que é algo fundamental, “a necessidade de mudanças salariais e de trabalho”.
Murilo: _ Literalmente, é fundamental, pois não adianta o professor executar todas as outras apostas sem receber um retorno financeiro digno de seu esforço.
Miguel: _ É preciso todas essas mudanças para que a educação seja realmente o ponto de partida para a solução dos problemas de nossa sociedade.
Murilo: _ É meu amigo, mas sem investimentos e força de vontade, por parte dos membros que compõem todo o âmbito pedagógico será difícil que o objetivo de mudar seja realizado.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Como o portfólio pode me ajudar na minha formação

Acredito que essa nova fórmula de avaliação, que é a formativa, irá contribuir intensamente para uma nova visão de prática para o meu futuro como docente. Creio que a avaliação possa se tornar um forte instrumente que auxilie no aprendizado sem que transforme em um instrumento de punição.